sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O gênio incompreendido

Depois falam que a gente pega no pé do cara. Esse vídeo é do jogo de ontem. A classificação já estava garantida, o Grêmio poderia até empatar. Aí entra a "centelha do gênio", como disse Irineu Perpétuo na edição 2 do nosso podcast. Depois disso, a classificação ficou mais dramática e o futebol foi mais uma vez valorizado. Alguns gênios só ganham o devido reconhecimento com o tempo. Clemer, sua hora vai chegar.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Saudade de quem não veio

O torcedor vascaíno não esquecerá tão cedo a última terça-feira, 26 de agosto. No dia, completaram-se dez anos da histórica conquista da Libertadores por aquele time de Carlos Germano, Mauro Galvão e Juninho Pernambucano.

Sem dinheiro nem pra encomendar um cento de coxinha frita e umas garrafas de guaraná Dolly, o Vasco não programou para a data nenhuma festinha ou homenagem. Mas, para o dia não passar em branco, decidiu fazer nele a apresentação oficial de seu novo reforço, o homem escolhido a dedo por Roberto Dinamite para tirar o time das últimas posições no Brasileiro: o lateral esquerdo Márcio Careca.

A imprensa carioca, acostumada a cobrir tiroteio em baile funk, encalhe de baleia em Copacabana, revolta em trem suburbano e coisa muito pior, não decepcionou: compareceu em peso para ouvir as primeiras palavras do – aonde é que o mundo vai parar!? – novo ídolo vascaíno. Tita, mostrando toda a confiança que tem no seu elenco, repetia, desesperado, que precisava demais desse reforço. No calor da emoção, até anunciou a estréia de Careca já para o próximo jogo do Brasileirão, contra o Grêmio.

Tudo em vão. Márcio Careca não apareceu em São Januário. Os diretores vascaínos corriam de um lado para o outro, falavam ao celular, davam palpites para o Jogo do Bicho, mas não conseguiam oferecer nenhuma explicação satisfatória para a ausência do novo reforço. No fim, pressionados, admitiram que, na verdade, Márcio Careca nunca assinou com o Vasco, que o Barueri, clube do jogador, dificultou a negociação, que vai ficar tudo por isso mesmo, que o importante é ter saúde, que a vida continua e que eu nunca vou te abandonar porque eu te amo.

Bom para todo mundo. Careca, que várias vezes escapou de apanhar – não diria merecidamente, mas, digamos assim, com motivo – da torcida do Palmeiras, pode continuar tranqüilo no Barueri, onde ninguém vai se preocupar em saber qual o destino das bolas que ele, nas raras vezes em que chega à linha de fundo e arrisca um cruzamento, joga, todo desengonçado, todo sofrido, quase fora do estádio. O torcedor do Vasco, que só não bateu ainda em ninguém porque não sabe por quem começar, também não precisa se preocupar em ter de colocar mais um na lista do acerto de contas.

A imprensa carioca, contudo, não gostou. Ela foi ali para ver um show, para fazer mais estardalhaço com a chegada de Careca do que a imprensa paulistana fez na volta de Maurren Maggi ao Brasil. Indignada com as desculpinhas dos dirigentes, exigiu explicações do técnico Tita. Afinal, como é que Tita anuncia que vai escalar na próxima partida um jogador que nem é do clube? A diretoria não havia lhe dado garantias? Tita, louquinho pra tirar o seu da reta, tratou logo de explicar que nenhum dirigente conversou com ele sobre a contratação de Márcio Careca. O técnico, na verdade, vinha acompanhando o caso pela imprensa...

Organização, divisão de responsabilidades, modernos mecanismos de comunicação, entendimento. O Vasco de Dinamite mostrou, num único dia, que é isso e muito mais. Muito mais, sim, pois não acabou aí. Quando os repórteres já se preparavam para voltar desanimados às redações, eis que surge em São Januário a lendária, carrancuda e consideravelmente obesa figura de Odvan.

Foi um rebuliço! Torcedores chorando, se abraçando! Repórteres sorrindo novamente! O Vasco, afinal, havia preparado uma surpresa. Aquela história de apresentar Márcio Careca era só pra despistar! Que Márcio Careca, que nada! Ele que vá jogar bola pela linha de fundo no interior de São Paulo! O Vasco decidira, então, homenagear todos os heróis da conquista de 98 na pessoa do humilde zagueiro Odvan, “símbolo da raça” (sempre dizem isso, né?) daquele time vencedor. Um gesto singelo, delicado, nobre. O Vasco pode não ter dinheiro, mas tem história, tem respeito pelos seus ex-jogadores e por sua torcida! Que terça-feira espetacular!

Bem, mas bastou os microfones serem apontados para Odvan, para todos descobrirem que não era nada disso. Odvan não havia ido a São Januário para inaugurar placa comemorativa, vestir faixa e recordar detalhes da campanha na Libertadores de dez anos atrás. Odvan não estava ali a passeio. Odvan pegou a camisa, vestiu, beijou e anunciou, para uma imprensa carioca que não ficava tão perplexa desde o dia em que descobriu que o Engenhão existia e não era só um projeto engana-mané, tipo estádio do Corinthians, anunciou, repito, que é o mais novo reforço do Vasco para o segundo turno do Brasileirão.

Um instante de silêncio. Passarinhos cantam ao longe. E de repente bate no torcedor vascaíno uma inexplicável saudade do Márcio Careca!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Últimas olímpicas


Ronaldinho Gaúcho voltou a sorrir. Foi o que Dunga disse. Mas não tem muitos motivos pra isso não. Além de perder a semifinal olímpica para a Argentina e ter que se contentar com o bronze, ainda levou um não de uma sueca.

Johanna Almgren (foto acima), meio-campista da seleção feminina da Suécia, estava hospedada no mesmo hotel da seleção brasileira e certo dia ficou no hall do hotel para pegar autógrafos. Em entrevista ao jornal sueco Bordas, ela disse: "Ronaldinho ignorou todos os chineses e veio direto em minha direção, pegou minha mão e a beijou. Eu quase desmaiei". Depois do encontro, Almgren recebeu um telefonema de um "representante" de Ronaldinho convidando-a para ir ao quarto do ex-craque. Lá, ao lado de outras suecas, depois de muita linguagem de sinais, recebeu um pedido de casamento. Ela respondeu com um "não" e foi embora.

******

Para encerrar o papo olímpico, o grande Alborghetti resumiu o que todo brasileiro quer falar sobre nossa participação nas Olimpíadas. Só para situá-lo, eu sei que é maldade, mas no início do vídeo ele está falando de Diego Hipólito.



Comentário de Abimael Forquilla: "Todo mundo pegando todo mundo em Pequim e o Ronaldinho querendo casamento... Pelo visto, não é só pra fazer xixi que ele é meio devagar, né? Esse é do tipo que se apaixona em suruba!"

Notas do subsolo

A situação do Santos não está boa e o pessoal está apelando para a intervenção divina para fugir da Série B. No Minuto-Torcedor do Futebol de Mesa desta semana, Luciano Emiliano evocou Padre Quevedo; agora, o volante Roberto Brum (atleta de Cristo, missionário e profeta) manda e desmanda da fé para absolver um cocainômano na FIFA, prevê gols e dá luz e alento aos desamparados. Um exemplo de piedade.

* * *

Depois de ter perdido a Libertadores, ser desmontado e ter o fantasma do rebaixamento, já conhecido, rondando as Laranjeiras, o Fluminense foi buscar reforços no plantel de seu algoz: Urrutia. Os equatorianos sacanearam com o tricolor de Nelson Rodrigues mais uma vez: deram corda e, na hora de concluir tudo, colocaram água no processo. Urrutia, muito consciente e se valendo do dito popular "quem tem, tem medo", quis manter as boas relações com o atual clube e ficou na moita.
Comentário de Abimael Forquilla: "Se o Rodrigo Souto é coicainômano ou não eu não sei, o que eu sei é que ele tem de ser absolvido, sim, na Fifa, na Justiça comum e no programa da Márcia Goldschimidt, se lá o levarem. Tá na cara que aí tem dedo do Edinho, cujo gosto pelo branco sempre foi muito além do amor à camisa do Santos. O que é certo é certo: Edinho preso, Rodrigo Souto."

Caio Jr. leva Fierro para fazer "um bom trabalho"

Depois de surpreender o mercado mundial de futebol ao contratar Sambueza, o Flamengo dá mais um passo rumo à conquista de uma vaga na Copa Sul Americana 2009. Agora, o professor Caio Jr. pode completar o seu raciocínio: não fui para o Catar, acabei levando Fierro.

O meia-atacante do Colo Colo - time e índio traidor do Chile - chega à Gávea para somar. Como pouca piada pronta é bobagem, o diretor flamenguista a apresentar o Fierro à torcida foi Plínio Pinto. "Agora acreditamos que Caio Júnior tem elenco para fazer um bom trabalho até o fim do ano", mandou o Plínio.

O uso da expressão "um bom trabalho" no meio futebolístico já foi bem explorado por Irineu Perpetuo na primeira edição do nosso podcast - aliás, já ouviu o novo, que tá pingando na área desde ontem? Se não ouviu, tá caçando mais borboleta que o Clemer.

Uma pena que Plínio Pinto também tenha dito que o chileno "encerra o ciclo de contratações" do mengão para o segundo semestre. Para completar o time, a urubuzada poderia contratar algum centroavante rompedor chamado "En la Muñeca", dupla ideal para Fierro.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Podcast - Futebol de Mesa - Edição 3

Em clima de encerramento de Olimpíadas, a terceira edição do Futebol de Mesa, o podcast do Comancheiro Futebol Chope, é dedicada ao desempenho brasileiro na Olimpíada. Como você já sabe, toda terça-feira, perto da hora do almoço, você ouve aqui uma edição inédita deste bate-papo gravado em algum boteco da cidade de São Paulo.

Na edição de hoje, eu (Leonardo Botti), Abimael Forquilla, Irineu Perpétuo e Gabriel Foots falamos sobre Campeonato Brasileiro, Seleção Brasileira, as musas de Pequim, o "Herodes do atletismo", o doping de Chupa-Chup, as melhores desculpas de nossa delegação, além de mais filosofia aplicada ao futebol, obra de Gabriel Foots.

Temos também a estréia do Minuto-Torcedor, um espaço para a manifestação da voz das arquibancadas. Nesta edição, o santista Luciano Emiliano e o corintiano Rogério Roma mandam o seu recado. Sem falar na participação do amante dos esportes olímpicos, nosso correspondente na China, Felipe Corazza.


Clique aqui para assinar esse podcast e ouvir edições anteriores.
Clique aqui para baixar o MP3.

Fanfarra

Assim como o espírito Xeneize, a fanfarrice tem origens nos primórdios. Ao ler as notícias diárias percebemos que o império dos fanfarrões comanda o show. Como aqui neste blog se faz jornalismo, vamos aos fatos:

Vasco: em fase excelente, sobrando no campeonato e com chances de ir disputar a Libertadores do próximo ano, pois faz grande campanha no returno (7 pontos em 3 jogos - uau!), o time de São Januário deu folga para seus jogadores, ontem, segunda-feira. Dinamite fazendo choque de gestão. Muito prudente.

Atlético Paranaense: o time continua com aquele papinho "ai, não dá tempo de treinar! Não temos elenco; não temos banco! Ó vida!". Diagnóstico: pede pra sair. Está muito duro? Vá jogar a Copa Kaiser. Pô, joga dois jogos por semana e não dá tempo para treinar? Os jogadores têm dois empregos?

Dodô, o eterno fanfarrão: jogador que deixa saudade por onde passa, provavelmente será mais uma vez passado para frente. Depois da demonstração de respeito pela hierarquia e senso de conjunto, deve ir para o Corinthians. Agora vai! Em 2009, os adversários nem deveriam aparecer para jogar; o Timão vai passar por cima. Olhem bem e vejam o ataque que os caras estão montando: Dentinho, Herrera, Acosta, Careca, Bebeto, Otacílio Neto e, em breve, Dodô. O caro leitor dirá: não conheço metade destes caras. Eu digo: está vacilando. Não assiste a Série B, vai ter surpresa na hora que seu time for pegar os matadores do Parque São Jorge, grupo de extermínio. Misericórdia, meu pai!

Olimpíadas: o site globoesporte.com fez um seleção das frases mais bonitas e edificantes dos jogos. Vale a pena conferir. Destaco os ditos sapientais de Maradona, Alexandre Pato, Pedro Dias (judoca e suposto corno português) e Diego Hypólito, o chupim.

Comentário de Abimael Forquilla: "Esse negócio de 'Dodô será mais uma vez passado pra frente' é questão de ponto de vista. Pra mim, ele é que passa os outros pra trás..."

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Decisões européias

Melhores momentos das decisões das supercopas européias do último final de semana.

1) Supercopa da Espanha - Mesmo com 2 jogadores a menos, o Real Madrid venceu o Valencia, em casa, por 4 a 2, de virada. No jogo de ida, vitória do Real por 3 a 2.



2) Na decisão da Supercopa da Itália, a Inter de Julio César, Maicon, Maxwell e Mancini venceu a Roma de Juan, Doni e Júlio Baptista nos pênaltis. O jogo terminou empatado em 2 a 2.



A palavra dos mestres

Na noite de ontem, domingo, fiquei a pensar: o fim dos Jogos Olímpicos deixará este blog mais triste? Com menos notícias? Resumido ao campeonato brasileiro e aos emocionantes campeonatos europeus? Tal questão me parecia aporética ou, se assim não fosse, se encaminhava para uma melancólica conclusão. Mas, hoje, percebi que subestimava a potência do campeonato nacional. Eis algo rico!

Querido Mário Sérgio, sempre lembrado no podcast, fez um ataque contra a Copa Sul-Americana: seu time não pode desenvolver todo seu potencial e pôr em prática os mui evoluídos e geniais esquemas táticos do ilustre técnico devido à grande quantidade de jogos. Diz MS: "Desde que cheguei é jogo na quarta e domingo, quarta e domingo. Não dá tempo de fazer jogadas ensaiadas, finalização". Pobrezinho. Além de gênio, Mário Sérgio é humilde, em reconhecer as falhas suas e de seu time, se coloca como um Xamã ou curandeiro. Que exemplo...

Celso Roth reclamou do ímpeto dos adversários contra o Grêmio. Note: contra o Grêmio, única e exclusivamente! Palavras sábias deste grande e carismático orador (anote no seu caderninho de frases motivacionais): "O campo é muito difícil de jogar. Isso não justifica, é difícil para os dois. Mas isso não foi um jogo. Foi uma batalha. O Náutico fez de tudo para ganhar - ironiza Roth" (o simpático jornalista que escreveu a matéria gentilmente dotou sr. Roth da faculdade da Ironia). Amigo, na próxima vez pediremos para que não se jogue para ganhar, ok? Onde já se viu coisa dessa, entrar em campo com ímpeto?!? Os dois goleiros do Náutico podem explicar bem como funciona este lance de entrar com ímpeto, ou melhor, de tomar uma entrada impetuosa.

Porém, a maior demonstração de frieza, imparcialidade e sabedoria foi a declaração de Jorginho, um dos Sete Sábios do mundo antigo: "Saldo da Olimpíada foi muito bom". Não posso, neste momento, fazer um comentário adequado; tenho que voltar para casa e refletir muito. Que gênio! Jorginho nos lembra que o bronze foi muito bom, principalmente quando lembramos que houve problemas com a liberação de Rafinha e Diego; e que, se há algo que será sentido no futuro da seleção, é o fato de o Ronaldinho ter voltado a sorrir e de ter prazer em jogar. Que fofo!

Bonitas declarações dos "professores", me lembram de uma muito edificante de Luxemburgo. Ao defender Thiago dos Santos, lança uma pérola: "O Thiago dos Santos era 'gato'? Eu também fui! Isso é passado", ou seja, atire a primeira pedra quem nunca foi gato. Ah! Bons momentos do dente-de-leite!
Assim, caro leitor, não tema; assunto não faltará.

Leva, que é teu!

Contratar jogador no meio do campeonato, quando os elencos já estão todos formados, é uma arte. Tem de ter cautela, garimpar com cuidado, pra acertar e apresentar pra galera aquele reforço que vai fazer a diferença. Sim, porque ninguém contrata jogador no meio da temporada só “pra somar”, pra “compor o elenco”. Se o cara foi chamado na 22ª rodada, não é pra ficar treinando três semanas separado do grupo, recuperando-se fisicamente, pra depois ir entrando aos poucos, no segundo tempo: é pra chegar, vestir a camisa e resolver. O Vitória, por exemplo, já achou o homem. O time começou o mês todo assanhado, todo cheio de mandinga, crente que aproveitaria os confrontos com Grêmio, Cruzeiro e Palmeiras para assumir a liderança do campeonato e afundar os concorrentes. Perdeu dos três e foi parar em sexto lugar. Mas a diretoria se mexeu: mandou chamar o argentino Trípodi, que estava no Santos.

Devem ter sido os números do atleta que chamaram a atenção da diretoria do rubro-negro baiano. O atacante argentino jogou quinze partidas pelo Santos e fez história na Vila, ganhando o coração do torcedor com nada mais nada menos do que um gol marcado.

Se não foram os números, foi, com certeza, a forma física, a hiperatividade do craque. Injustiçado pelo Cuca, que jamais compreendeu o valor de seu futebol, sua entrega em campo, o argentino foi afastado do grupo. Valente, passou as últimas semanas treinando sozinho não no CT, mas na praia, onde eventualmente beliscava uma porção de lambari frito e tomava ali uns birinights, pra repor as calorias. Foi, aliás, num momento de intensa atividade num quiosque, que atendeu o celular e recebeu a proposta do Vitória.

A diretoria santista, comovida com o interesse dos baianos e ao mesmo tempo apreensiva com a saída do gênio, viu-se na obrigação de suprir a perda com uma contratação de meio de temporada. Ela sabia que o torcedor ia exigir uma resposta e, antes mesmo que começasse a tradicional chuva de chinelo (essa maneira inimitável que o torcedor santista tem de fazer protesto), tratou de anunciar o reforço: o meio-campista Bida. E Bida, vejam só como é a vida, estava onde, minha gente? Sim: Bida estava no Vitória.

Há quem garanta que não foi assim que aconteceu. Que, na verdade, o Santos é que foi atrás do Bida primeiro e, depois, em retribuição, foi obrigado a ceder Trípodi para o Vitória. Que seja! Agora que já estão os dois de olho roxo, não importa mais saber quem agrediu primeiro. Quem sai fortalecida com essas contratações é a matemática, uma vez que mais uma vez se confirma a velha máxima segundo a qual “a ordem dos fatores não altera o produto”.

Essa troca entre equipes que disputam o mesmo campeonato só não foi a mais ousada transação do mercado futebolístico nacional dos últimos tempos porque o Corinthians, modernizado, renascido, lançando tendências, acertou no final de semana a vinda do lateral esquerdo Pablo, de 22 anos. O clube trabalhou nos bastidores, na surdina, como anda fazendo ultimamente, e apresentou o garoto do nada. Tão do nada, que até agora Andrés Sanchez ainda não conseguiu explicar onde afinal o menino estava jogando, embora já se saiba que brilhou no Treze da Paraíba e em “equipes do interior de São Paulo”. Mas até aí não há nada de mais. A inovação está no fato de que Pablo, recém-contratado, já foi emprestado pelo Corinthians ao Bragantino e disputará a Série B pela equipe de Bragança Paulista.

Tá aí! Não adianta ter inveja. É por isso que o Corinthians é grande e tem torcida em tudo quanto é lugar. Que outro time, em plena segundona, teria a grandeza de ir buscar um reforço para um adversário? Que sirva de exemplo para os times da Série A! Imagine como seria mais legal o Brasileirão, se agora o Palmeiras, por exemplo, contratasse, sei lá, Edcarlos, e emprestasse para o Grêmio. Aí, o Grêmio, entrando no clima, acertasse com o Zé Elias e o cedesse por três meses ao Cruzeiro. O Cruzeiro ia lá e, pra não ficar pra trás, contratava o Perdigão e despachava para o Flamengo. Devia virar lei: cada time ficaria obrigado a contratar um jogador no meio da temporada e inscrevê-lo em outra equipe. Menos no Vasco. O Vasco vive no seu próprio mundinho, logo ali no universo paralelo. Um clube capaz de trazer Márcio Careca nessa altura do campeonato, pra acalmar a torcida e escapar do rebaixamento, definitivamente não precisa de mais nada.

domingo, 24 de agosto de 2008

Tutorial: Aprenda a comemorar um bronze com os russos



Abimael Forquilla cobra esforço de reportagem. Abimael Forquilla ganha um esforço de reportagem. Aliás, confesso que foi bem pouco esforço. Tudo o que tive que fazer foi descolar um ingresso para as finais do basquete (graças à amiga Paula Coruja) e encontrar russos bêbados - desculpem pelo pleonasmo.

Na disputa pelo bronze do basquete feminino, a torcida dos nossos irmãos do norte mostrou que comemorar bronze dizendo que "eu dei tudo de mim, foi isso que consegui", ao estilo Diego (o do futebol, não o Hypólito, que nem bronze conseguiu), não tá com nada.

Essa que você vê inteira no seu vídeo - adoro expressões de narradores de baile de Carnaval na Manchete - é a torcida russa após um nabo aplicado na China pelo terceiro lugar no basquete. Peço que Irineu Perpetuo faça o mais cedo possível a tradução e poste aqui para que o deleite fique completo, com muita vodca nas idéias.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O cara por trás do "Rala que Rola"

Claro que você já viu aquela propaganda da Nike, da campanha "Rala que Rola". Aquela dirigida pelo Guy Ritchie que mostra um jogador europeu desde o seu início de carreira, passando por uma transferência para o Arsenal da Inglaterra e sua chegada na seleção holandesa. Tudo pelo ponto de vista do jogador. Não sabe ainda do que eu estou falando? Veja a versão do diretor:



Assim como eu você também tinha a curiosidade de saber quem é o cara por trás da câmera? Pois saiba que o nome dele é Gilbert Montoya (foto abaixo), um americano descendente de mexicanos, amante do futebol e com experiência em coreografar e atuar em filmes/propagandas relacionadas com o esporte. Em entrevista a um blog americano, ele conta, entre outras coisas, que as gravações foram feitas na Espanha, Inglaterra e EUA e que ele teve que usar um capacete com três câmeras instaladas que pesava cerca de 4,5 kg.


Veja o vídeo com os bastidores das gravações.

O recorde mundial que a TV chinesa não transmitiu

Muita gente acha que é censura e não gosta, mas o governo chinês, preocupado com a formação cultural do povo, tem como política não deixar passar qualquer porcaria na televisão. Esta semana a CCTV, emissora estatal, deu ao mundo uma mostra dessa seletividade e dos critérios que norteiam sua busca pela excelência na programação: passou ao vivo a semifinal do futebol masculino entre Nigéria e Bélgica e exibiu, só um dia depois, o VT de Brasil e Argentina.

Os chineses nem ligaram, claro, mas repórteres do mundo todo chiaram e exigiram uma explicação oficial da emissora. Pessoalmente, não vejo motivo para escândalo. A exibição de imagens do volante Mascherano cuspindo, chicletando e dando catarradas é, sim, má influência para as crianças. E nenhum canal de TV que busque qualidade vai passar ao vivo jogo de time treinado pelo Dunga.

De qualquer maneira, a explicação oficial foi exigida e a explicação oficial foi dada. Por Yu Liang, porta-voz da CCTV. Segundo o china, é uma questão de prioridades: “Tudo que é mais importante é transmitido pela televisão chinesa e podemos ver. Como o basquete ou a retirada e as desculpas do corredor Liu Xiang”. A gente percebe que os chinas realmente se abriram para o mundo e não vivem mais isolados como antigamente. Eles têm noção das coisas, sabem do que é que o povo gosta. O basquete, claro, é muito mais popular, muito mais importante que o futebol. E as desculpas do corredor Liu Xiang, então... Pô! Claro! Quem não quer ver isso aí? Eu tô superinteressado. Só me falta saber uma coisa: quem é Liu Xiang?

Yu Liang, com aquela carinha simpática que fazem os chineses quando se metem a engraçadinhos, aproveitou pra tirar um barato. Falou que, pessoalmente, não se interessaria em ver Brasil e Argentina: “Se fosse futebol feminino, sim. Gosto de ver”. Quando a gente tem a informação de que, no Brasil, a audiência do jogo feminino entre Brasil e Estados Unidos foi maior do que a do masculino entre Brasil e Argentina, começa a desconfiar de que a China vai mesmo dominar o mundo. Nossos torcedores já têm o mesmo gosto do Yu Liang.

Agora, se os chineses gostam de transmitir ao vivo perdedor dando desculpa, deviam ter passado em cadeia nacional a coletiva do Dunga após a derrota para a Argentina. O técnico brasileiro garantiu que essa geração olímpica ainda vai dar muitas alegrias aos torcedores. Vai, vai, sim, Dunga. Aos torcedores da Argentina principalmente! Aliás, é só pegar as escalações de outros times olímpicos brasileiros, que a gente encontra lá muitos nomes que não pararam de dar alegrias, como Fábio Bilica, Álvaro, Mozart e Warley.

O melhor momento da coletiva, no entanto, foi quando um repórter gringo perguntou ao Dunga aquilo que os repórteres brasileiros, mais amedontrados do que a seleção brasileira feminina de basquete, deveriam perguntar: “Seu time teve dois jogadores expulsos e sofreu três gols. Onde está o jogo bonito do Brasil”? Aí, Dunga, com o equilíbrio emocional que é próprio dos grandes líderes e a gentileza que caracteriza as palavras dos verdadeiros campeões, respondeu, crente que o gringo era britânico: “Seria maravilhoso se pudéssemos marcar gols em todos os jogos. Assim como seria maravilhoso se a Inglaterra tivesse ganhado mais Copas do Mundo, não só aquela que ganhou na década de 60, né”? Bem, o repórter, na verdade, era norte-americano. Dunga tem um senso de oportunidade inacreditável, né? Ele fala mal da Inglaterra, pra zoar um americano, dois dias antes de os Estados Unidos baterem o Brasil na final do futebol feminino. O Ricardo Teixeira está de parabéns por esse achado. O Dunga é a filosofia ofensiva do Parreira e a sensatez do Zagallo numa só pessoa.

Finalmente, a TV chinesa também bobeou ao não mostrar ao vivo a coleta de material para o antidoping de Ronaldinho Gaúcho. O meia levou mais de três horas para conseguir fazer o xixi. Os argentinos já longe, fazendo algazarra, Alexandre Pato elogiando a si mesmo e dizendo que sai de cabeça erguida, Dunga falando mal da Inglaterra pra repórter americano, e o Ronaldinho lá, sozinho, de cabeça abaixada, desesperado por terem exigido dele, na falta de uma jogada de habilidade ou de um golzinho, pelo menos algumas gotinhas de urina. Nenhum atleta sofreu tanto nas Olimpíadas como Ronaldinho na sala de coleta. Ele teve de buscar aquele algo a mais, aquela força interior, a raça que é sua grande característica, para conseguir encher o frasquinho. Calou a boca dos críticos que diziam que ele não estava se esforçando em Pequim. Pena que ninguém viu. A televisão chinesa, preocupada em mostrar qualquer coisa que tenha um chinês no meio, perdeu um daqueles momentos de superação no esporte que entram para a história e marcam uma geração. Ronaldinho Gaúcho lutando contra os limites do homem na prova de xixi individual é a imagem que vai faltar na retrospectiva dos Jogos de Pequim. Pouco importa o ouro no futebol. A urina mais demorada de todos os tempos foi um brasileiro que fez! Esse recorde é nosso!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Japoneses na Olimpíada e o terror tricolor

1) A Olimpíada resumida em 2 minutos.



2) Torcedores do Bahia protestam em treino da equipe pelo mal desempenho na Série B. DIferentemente do elenco do Flamengo, os jogadores do Bahia foram pro pau.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Sorriso de oito dentes


Sabe aquelas moças que auxiliam as cerimônias de premiação nas Olimpíadas de Pequim? Reparou como elas nunca param de sorrir? "Ah, o que é que tem de espetacular nisso?", você dirá. Provavelmente você acha que qualquer chinesa conseguiria fazer isso. Ou que você mesmo faria. Talvez você não saiba que todas essas meninas passaram por um processo de recrutamento e treinamento extremamente rigoroso (e bizarro).

As 297 candidatas foram escolhidas entre 5.000 inscritas. Elas deviam ser universitárias, ter entre 18 e 24 anos, altura entre 1.68 e 1.78cm, com aparência "corada e saudável", "pele flexível" (?!?) e "um corpo curvilíneo e magro". Os rostos precisavam preencher alguns padrões como a proporção entre o "tamanho do nariz e o comprimento da face" e "tamanho da boca e distância entre as pupilas" (ãhn?), com os olhos ocupando dez décimos do comprimento da face.

As selecionadas passaram por um período de treinamento intensivo, onde aprendiam a permanecer de pé por várias horas sobre o salto-alto e a exibir um sorriso perfeito, expondo apenas oito dentes. O sorriso era praticado em frente ao espelho, com um daqueles pauzinhos de comida chinesa colocado entre os dentes.

Comentário de Abimael Forquilla: "Ficar de salto alto várias horas não é nada. Quero ver é ficar a vida inteira, como o Renato Gaúcho..."

Nike Burguer

A Nike da Suécia convidou alguns designers/ilustradores locais para interpretar alguns modelos ícones da marca.
Olle Hemmendorff criou a obra abaixo para o tênis "Air Max 90". Sim, é feito de hamburguer. Esse é dos meus.

Comentário de Abimael Forquilla: "Foi usando esse tipo de material esportivo que Ronaldo chegou à forma física que ostentava nos últimos dias de Real Madrid e nos primeiros de Milan."

"Nós queremos outro jogo"

A seleção americana de futebol feminino até hoje não conseguiu assimilar a derrota para o Brasil na semifinal do Mundial, em setembro do ano passado. Para exemplificar isso, o globoesporte.com trouxe hoje um link para um vídeo de um comercial de carros que trás as americanas como personagens principais.

O tal vídeo é um festival de bizarrices. Elas viajam de carro dos EUA ao Rio de Janeiro, via México, para propor uma revanche às brasileiras. Você verá que, como tudo neste filme, as cenas do Rio de Janeiro e do estádio onde a seleção brasileira está treinando são muito verossímeis. Sem falar no sotaque carioquíssimo da atleta brasileira.

Bonita camisa, hermano

Dunga é um homem garboso e sempre elegante, isso ninguém pode negar. Mesmo quando está dando aqueles coices gaúchos em todo mundo, mantém sua linha usando camisas com golas bufantes e de cores esdrúxulas.

Contra a Argentina, diriam os repórteres de televisão, "não foi diferente". Dungão abriu mão daquela camisa pólo padrão da seleção e voltou a usar seu estilo "sou maragato, mas tô na moda". E deu no que deu.

Mas, algo que me chamou a atenção foi que, não satisfeito em voltar à indumentária esdrúxula, Dunga, com um enorme senso de oportunidade e análise apurada da conjuntura, resolveu entrar em campo com uma camisa que exibe as cores do uniforme número 2 de uma certa seleção nacional sul-americana... A seleção ARGENTINA!!!

Como dizia o delegado Fleury, tem gente que só matando...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Assunto de Estado

O inevitável aconteceu: a seleção canarinho tomou um chocolate do time argentino. Apesar de não ser jogo de Copa do Mundo, a partida mobilizou muita gente, incluso os ilustres presidentes das duas casas do Congresso Nacional. Coisa linda: Chinaglia, corintiano (apesar da sonoridade de seu nome lembrar o apelido dos torcedores do Rosário Central), diz que faz tempo que o querido ex-volante não deveria estar lá, dirigindo a equipe do selecionado. Garibaldi contemporizou, elogiou o adversário, pediu mais uma chance para o menino Dunga e não disse nada com nada: passou o pano. Acredito que, seguindo o arcabouço teórico lançado por nosso correspondente, poderíamos classificar a postura do presidente do senado como "à la Jade tucanada"... bem, leia o texto.

* * *

Vou aproveitar a vitória argentina para postar um vídeo muito interessante sobre o Boca Juniors, feito na ocasião do centenário do time. Muito jocoso, o vídeo traça a origem ancestral (e semidivina, quiçá) do espírito Xeneize (termo utilizado para designar tudo que se relaciona ao Boca e avacalha o rival, o River Plate).

Comentário de Abimael Forquilla: "Bastou a Argentina ganhar uma do Brasil, para vir à tona mais uma vez a vocação do torcedor palmeirense, representado aqui por Gabriel Foots, para mulher de malandro portenho. Quando o Palmeiras apanha do Grêmio na Libertadores, é roubalheira. Quando apanha do São Paulo, é azar. Quando apanha do Boca, o torcedor fica todo apaixonado pelo 'espírito xeneize'".

Futebol de Mesa - Edição 2

O Brasil está fora da final do futebol nas Olimpíadas. É, eu sei, errei complemente meus palpites. Mas nem tudo está perdido! Está no ar a segunda edição do nosso podcast, o Futebol de Mesa. Toda terça-feira, perto da hora do almoço, você ouve aqui uma edição inédita deste bate-papo gravado em algum boteco da cidade de São Paulo.

Na edição de hoje, eu (Leonardo Botti), Abimael Forquilla, Irineu Perpétuo e Gabriel Foots falamos muito sobre Campeonato Brasileiro, a genialidade de Clemer, a nova fase na carreira de Valdívia, a participação brasileira nas Olimpíadas, o jamaicano fanfarrão, o sueco "mártir da liberdade de expressão", o repórter torturador, além dos nossos palpites sobre o que iria acontecer no jogo desta manhã entre Brasil e Argentina. Nesta edição também temos a estréia do nosso correspondente na China, Felipe Corazza, fã de Jade Barbosa, analisando o jeitinho brasileiro de encarar o fracasso.

Pedimos desculpas pelos ruídos nos primeiros minutos do podcast, mas é que o Aílton, o nosso garçom favorito, emocionado com a atuação de Clemer no jogo do último domingo, deixou a garrafa de cerveja em cima do fio de um de nossos microfones. Mesmo os gênios falham um dia. Estou falando do Aílton, é claro.


Clique aqui para assinar esse podcast e ouvir edições anteriores.
Clique aqui para baixar o MP3.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Isto é Brasil!

Muita gente anda desorientada com os fracassos dos atletas olímpicos brasileiros que foram como favoritos e os sucessos dos que eram tidos como azarões. Bobagem esquentar a cabeça com isso: a função do Brasil nos Jogos não é e nunca foi ganhar medalhas – o Brasil vai às Olimpíadas em missão civilizadora, ensinar o mundo a viver em harmonia, praticando as grandes virtudes humanas. O brasileiro, afinal, é sempre referência em matéria de diplomacia, boa convivência, gentileza e cordialidade. E nisso, mais uma vez, vai dando show em Pequim.

Sandro Viana, corredor dos 200m rasos, é um que vem se destacando pelo uso generoso que faz das palavras e pela reverência que – sem um pingo de inveja – presta ao melhor do mundo em sua modalidade, o jamaicano Usain Bolt. Sandro começou não gostando da forma como Bolt comemorou a vitória e quebra do recorde mundial em outra prova, a dos 100m rasos, fazendo gracinha para as câmeras, tipo vocalista de reggae doidão. “É falta de espírito olímpico”, condenou. Conhecedor do espírito olímpico, também reprovou a atitude do jamaicano na eliminatória dos 200 metros do último domingo, quando, depois de abrir uma vantagem maior que a do Grêmio no Brasileirão, diminuiu o ritmo de propósito e deixou-se ultrapassar por Rondell Sorrillo, de Trinidad e Tobago, chegando feliz da vida em segundo lugar. “Não é certo o que ele fez. Acho que o atleta tem que correr pensando no tempo, sempre olhando para a linha de chegada, e não para o público”, explicou Sandro, ocupadíssimo com a própria vida, como se percebe. Por causa de Bolt, Sandro andou até estudando física, provando que ficou para trás o tempo dos atletas carentes e sem formação escolar, tipo Zequinha Barbosa. Durante uma entrevista, deu uma verdadeira aula, usando o jamaicano, que tanto admira, como exemplo: “A biomecânica mostra que para correr os 100m, um atleta, mesmo de ponta, precisa de mais de 45 passos. Ele deu 39. A ciência não bate. Ele está três níveis à frente do resto, o que é bem estranho”. Não sabendo dizer se o sucesso de Bolt é fruto da aplicação nos treinos ou da bondade divina, Sandro, sensato e avesso à maledicência, não quis buscar outras explicações: “Não estou falando se é doping ou não, cabe à Wada [World Anti-Doping Agency, Agência Mundial Antidoping] decidir”. Como é bonito a gente ver um competidor reconhecer o talento de outro! Isso é Brasil, hein!

Enquanto Sandro Viana revela sua admiração por Usain Bolt, Jadel Gregório, do salto triplo, mostra ao mundo outra notável virtude brasileira: o “tô nem aí”. Perguntado se não estava preocupado por se classificar para a final em nono lugar, o saltador deu uma resposta que, pelo estilo, lembra Pelé, e pelo conteúdo, lembra Zagallo: “Estou preocupado com o Jadel”.

É isso aí, Jadel! A gente não ganhou esse monte de medalha pra ficar lá pagando pau para os outros, não! Eles é que têm de se preocupar com a gente! Como é bonito a gente ver uma atleta que estuda os adversários e luta até o fim para superá-los! Isso é Brasil, hein!

A humildade de Jadel tem motivado muito as pessoas que trabalham com ele. Peter Stanley, seu técnico inglês, já teve com ele duas conversas em Pequim, de cinco segundos cada uma, nos intervalos das longas orientações que dá a seus pupilos britânicos. E Pedro de Toledo, o técnico brasileiro, fez as malas e voltou para casa antes das finais. Jadel diz que não tem treta, não tem nada. Pedrão teria voltado porque não fala inglês nem chinês e estava se sentindo muito sozinho em Pequim. Faz sentido. Se eu tivesse de conviver com o Jadel, também me sentiria sozinho.

Finalmente, o Brasil, está ensinando ao mundo que, quando não dá pra ganhar na boa, sempre resta o recurso ao tapetão. Os dirigentes brasileiros tentam melar nos bastidores a final do salto com vara feminino, em que uma atleta brasileira garante ter sido gravemente prejudicada pelo desaparecimento de uma de suas varas. A vencedora da prova, a russa Yelena Isinbayeva, bateu o recorde mundial, saltou 25 centímetros a mais que a segunda colocada, e o Brasil ainda está brigando por causa da vara perdida.

Era inevitável que isso acontecesse. É tanto esporte, e o Brasil leva tanta vara, que alguma hora alguém ia acabar perdendo uma. Mas é isso aí: a gente foi lá é pra mostrar como é que se leva a vida levando vara, e que a gente perde a vara, mas não perde o sorriso. A gente foi lá mostrar que isso é Brasil!

Super Julio Bros

Júlio Baptista, você sabe, vai jogar na Roma. Considerado por muitos como um jogador comum, ele já passou pelo Sevilla, Real Madrid e Arsenal. Alguém explica isso?

Se você é fã de games, talvez saiba me dizer se o vídeo abaixo ajuda nessa explicação. Como nunca joguei o famoso Super Mario Bros, não entendi se esse vídeo é algo bom ou ruim. Criativo com certeza é.

De dentro é outra coisa

Virei aqui de vez em quando tratar de livros e filmes sobre futebol. Sem o compromisso de acompanhar as novidades ou recomendar os melhores, mas unicamente com a intenção de chamar a atenção do leitor para a existência de obras que, independentemente de serem boas ou ruins, possam ter algum interesse para quem acompanha futebol no dia-a-dia.

Começo pelo documentário Zidane: Um Retrato do Século XXI (Zidane: Um Portrait du 21 ème Siécle, França, Islândia, 2006, 86 minutos), dirigido pelo francês Phillipe Parreno e pelo escocês Douglas Gordon, dois artistas plásticos estreantes no cinema. Não, não é meu filme preferido sobre futebol: é apenas o último que vi e um dos que mais interesse – e polêmica – pode gerar, razões suficientes para que eu o escolhesse para abrir a série de comentários cinematográficos.

O documentário não é uma biografia do craque francês. Aliás, nada conta sobre sua trajetória. É o registro de uma única partida do jogador, pelo Real Madrid, contra o Villarreal, em 23 de abril de 2005, pelo Campeonato Espanhol. O último jogo de Zidane com a camisa do time madrileno no estádio Santiago Bernabeu. Informações secundárias para os diretores Parreno e Gordon. Eles não foram lá filmar um jogo de futebol: foram basicamente filmar Zidane, e o fizeram de uma maneira original, ousada e muito, muito esquisita.

Os cineastas espalharam dezessete câmeras pelo estádio, a maior parte delas no nível do gramado, e apontaram-nas quase exclusivamente para o meia francês. Equipamentos de alta definição, entre os quais as duas maiores teleobjetivas do mundo, cedidas pelo exército norte-americano. Na edição, não fizeram a menor questão de contar a história da partida, embora seja possível, sim, compreender o que está acontecendo. Preferiram, em vez disso, mostrar Zidane, só ele, correndo, andando, parado, eventualmente falando, vivendo à sua maneira aquele jogo de futebol. A câmera, fechada no jogador, sai dele de vez em quando para uma panorâmica do gramado. Às vezes enquadra em segundo plano os outros atletas. Mas o foco é Zidane. O áudio ora privilegia o barulho dos jogadores correndo no campo, ora a respiração do meia francês, ora a agitação dos torcedores, ora a trilha sonora da banda escocesa Mogwai (tão estranha quanto o conjunto da obra). E vira e mexe faz-se silêncio total. Trechos de entrevistas (só o som) do jogador do Real sobre sua relação com o futebol e pedaços da transmissão da TV espanhola também são utilizados. O resultado é que, no documentário, o futebol é mostrado de uma maneira jamais vista, que nem de longe lembra as habituais transmissões das emissoras de TV.

A crítica de cinema não chegou a uma visão consensual sobre o filme. Muito já se escreveu a seu respeito e as opiniões são as mais diversas. O Diário de Notícias, de Lisboa, considerou-o “um clássico instantâneo”. O Hollywood Reporter, por outro lado, acha que o documentário não mostra nada além de “um homem careca, de short, que já passou da flor da idade, encharcado de suor e com expressão perplexa no rosto”. A Reuters, nem tão empolgada nem tão desinteressada, entendeu que “o filme parece defender a idéia de que o futebol não passa de um esporte, sem significado maior, que envolve homens correndo por um campo e dando voltas por um gramado”.

No Brasil a discussão também foi boa. Eduardo Valente escreveu, no site Cinética, que o interesse pelo documentário “está longe de ser exclusivamente dos fãs de futebol, como se poderia imaginar (embora a experiência destes seja provavelmente mais intensa – e mais ainda dos que têm o hábito de jogar futebol)”. Luiz Carlos Merten, de O Estado de São Paulo, julgou que Parreno e Gordon transformaram um jogo que não tinha nada de excepcional “em algo verdadeiramente fora de série”. Luiz Zanin Oricchio, também do Estado, foi além: “Para o amante do esporte, o filme tem um soberbo valor documental. (...) O trabalho dos cineastas é magnífico”. Mas Amir Labaki, da Folha de São Paulo, não gostou de ver e não entender que diabos Zidane tanto fazia zanzando de um lado para o outro: “É falha a articulação entre a visão geral do jogo e a contribuição específica de Zidane”. Não gostou mesmo: “Ao fim, fica um duplo sabor de frustração. O filme não é tudo o que promete, e Zidane não estava num daqueles dias iluminados”.

Não vou entrar nesse debate, mas uma coisa precisa ser dita: um filme tão diferente sobre futebol, capaz de gerar essa polêmica toda, merece ser visto ao menos uma vez por quem gosta do esporte. Apesar de que, dentre as pessoas que conheço, as que mais se entusiasmaram com o documentário foram justamente aquelas que não gostam de futebol ou acompanham-no quase com indiferença, sem identificação com algum clube.

Os admiradores do filme, conhecedores de cinema ou não, são unânimes em apontar como seu maior mérito ter retratado o jogador de futebol, pela primeira vez, no papel de um solitário, entregue a si mesmo durante 90 minutos, embora tenha a companhia de dez atletas, milhares de torcedores e um imenso aparato de mídia. Os que não gostam do documentário freqüentemente desistem de vê-lo até o fim, entediados com a experimentação dos diretores e saudosos da transmissão tradicional.

Zidane: Um Retrato do Século XXI realmente exige paciência e boa vontade do expectador. Mas nada que um torcedor não possa e já não esteja acostumado a suportar. Afinal, Zidane, pegando pouco na bola, caminhando ou não fazendo nada, oferece mais espetáculo do que muita partida que a gente só vê até o final de teimoso. Aliás, a idéia inusitada dos cineastas Parreno e Gordon dificilmente teria qualquer êxito, fosse outro o protagonista.

sábado, 16 de agosto de 2008

Previsões

Comentar o que já aconteceu, como normalmente fazemos aqui, é fácil. Por isso, eu vou me arriscar a dar palpites sobre as finais do futebol na Olimpíada. Se não concorda, coloque nos comentários quais são as suas previsões. Já vou falando que o Brasil ganha da Argentina. Não em jogos de tabuleiro, como no vídeo abaixo, mas no futebol olímpico mesmo. Com torcida de Maradona e tudo.



Vamos aos palpites:

Futebol feminino:
- EUA ganha do Japão
- Alemanha ganha do Brasil
- Na final, Alemanha ganha dos EUA
- O bronze fica fácil com o Brasil

Futebol masculino:
- Nigéria ganha da Bélgica com gol de Obinna
- Brasil ganha da Argentina na prorrogação
- Na final, Brasil ganha da Nigéria e conquista o ouro inédito
- Bélgica ganha o bronze nos pênaltis

Comentário de Abimael Forquilla: "É difícil acreditar que os jogadores brasileiros vão lembrar que foram lá para jogar futebol, agora que estão alojados na Vila Olímpica, espremidos em quartos para seis pessoas, sem TV e internet, e sem mais nada para fazer a não ser iniciar aquelas amizades sinceras com as atletas de outros esportes."

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Só rezando...

Já pensou se fosse possível existir dentro do estádio do seu time de coração uma sala anti-ruído para que você pudesse, por exemplo, fazer suas orações no intervalo daquela partida em que nada dá certo?

O Blackburn Rovers, da Premiere League inglesa, fez exatamente isso. O time do paraguaio Roque Santa Cruz e do chileno Carlos Villanueva irá inaugurar no próximo final de semana, quando começa a temporada 08/09, uma sala de orações aberta a praticantes de todas as religiões. O objetivo é disponibilizar um local para que funcionários e torcedores possam ter um momento de paz e reflexão, assim como encorajar torcedores de todas as raças e crenças a comparecerem aos jogos da equipe. A sala possui esteiras para a oração dos muçulmanos, além de cópias de textos religiosos como a bíblia e o alcorão.

Todos os estádios do mundo deveriam construir uma dessa.

*******

Isso não tem nada a ver com o assunto, embora ele precise muito de nossas preces. Essa saiu no Futepoca. Recém-contratado pelo Grêmio, o meio-campista Souza (ex-São Paulo) não esquece do Vampeta. Falando sobre o Gre-Nal de ontem, ele disse que não tinha motivo para provocar os rivais. "Se o Vampeta jogasse no Internacional, ainda dava. Mas ele está lá no cafundó do Judas".

Comentário de Abimael Forquilla: "A sala de orações é uma ótima idéia, mas não deveria existir em todos os estádios do mundo. Tem time aí que nem o Capeta gostaria de ver no campeonato do inferno. Não adianta rezar, que não vem ajuda de lado nenhum. A sala seria só para dar esperança ao torcedor, o que não faz o menor sentido, uma vez que o torcedor desse tipo de time já nasceu desenganado."

Beijos, suor e raiva

Como você já sabe tudo sobre as nossas medalhas de bronze, os recordes da natação e as possibilidades de ouro, o legal é analisar as modalidades bizarras.

Veja a luta greco-romana, por exemplo. Um monte de homem usando roupa de lycra (é lycra isso?), suado, se pegando e se agarrando. Mas tem o seu lado legal. Que outra modalidade nos daria imagens como essa?


Em que outra modalidade, um lutador abandonaria o pódio e jogaria sua medalha no chão, como fez o sueco Ara Abrahamian? Ou beijaria a assistente de cerimônia, como fez o italiano Andrea Minguzzi?

Fico pensando o que pode acontecer quando a modalidade Corrida com Esposa for aceita nos Jogos.



Comentário de Abimael Forquilla: "O Rio de Janeiro ainda há de sediar uma Olimpíada e aí vocês vão ver só o que os atletas italianos farão ao receberem medalha das mãos de alguma funqueira periguete!"

Olha aí o pagode!

Finalmente descobri alguém que encontrou motivo para se divertir em Pequim: Silvio Luiz, o interminável narrador da Bandeirantes.

É preciso admitir que Silvio, goste-se ou não dele, desenvolveu, após anos de pesquisa e treinamento, uma forma muito peculiar de narrar partidas de futebol. Ele não se enquadra em nenhum dos perfis clássicos de locutores esportivos que se encontram em atividade, pode observar.

É impossível imaginá-lo fazendo o tipo narrador torcedor, por exemplo, que é o que caracteriza as transmissões do Galvão Bueno. "Quem é que sobe?", "Sai que é tua, Júlio César", "Segura fulaninho, que eu quero ver" são frases que não soariam bem na boca de Silvio Luiz, a quem o resultado do jogo e a sorte dos atletas interessam tanto quanto o futuro de Carlos Alberto Parreira como treinador interessa ao torcedor brasileiro.

Silvio também não é da turma que descreve minuciosamente as ações em campo, estilo muito adotado no rádio, em que o narrador não pode parar de falar um segundo, e que tem talvez em José Silvério, da Rádio Bandeirantes, seu maior representante. Antes mesmo de o goleiro cobrar o tiro de meta, Silvério já está descrevendo com que expressão facial ele irá recolocar a bola em jogo, quais as principais opções de passe, quem se encontra em impedimento, quem está passando a mão em quem e com que intenção. Silvio Luiz, não. Absolutamente alheio ao que acontece no campo, prefere, em vez de dizer quem está com a bola e o que pretende fazer com ela, falar sobre qualquer outra coisa que esteja em seu campo de visão (uma coxinha com catupiri que chegou, do nada, na cabine de transmissão, por exemplo) ou simplesmente em sua sempre ativa imaginação. Só se manifesta a respeito do jogo segundos antes de a bola entrar na rede, quando profere, meio a contragosto, o lendário grito de "Olho no lance!". Eventualmente, no meio da partida, também diz um "olha aí o pagode", quando nada está acontecendo.

Ele também não tem nenhuma semelhança com o narrador mentiroso, aquele que aumenta descaradamente a importância do que está acontecendo, descrevendo qualquer cena como o maior espetáculo da terra e dando à mais sonolenta partida ares de final de Copa do Mundo. Como faz há anos, sem nenhum constrangimento, Luciano do Valle, que não passa dois minutos sem usar a palavra "espetacular" ou "extraordinário", isso quando não inventa de comparar a Gordon Banks o goleiro Magrão, do Sport, por causa de alguma bola que bateu nele acidentalmente e foi para escanteio. O prestígio desse tipo de narrador, muito popular no tempo da TV preto e branco com chuvisco e interferências no sinal, diminui na mesma proporção em que aumenta a qualidade da imagem dos televisores. Tende a desaparecer por completo na era da TV digital. Silvio Luiz nunca foi disso. Ele é do tipo que acha que a partida de futebol só tem graça para duas espécies de pessoas: as que jogam e as que vêem na arquibancada. Para quem está em casa, não resta outra coisa a fazer a não ser aproveitar os 90 minutos para pensar em alguma coisa edificante, coisa que Silvio realmente ajuda o telespectador a fazer, puxando, um atrás do outro, assuntos com os quais, sozinho, ninguém conseguiria nem sonhar.

Finalmente, Silvio Luiz não é besta para fazer o papel de narrador vexame. O vexame é aquele sujeito que, antes da partida, decora, um por um, os nomes dos jogadores da Coréia do Sul e da Ucrânia. Tudo para, durante a transmissão, trocá-los delirantemente, chamando Jesus de Genésio o tempo todo, até chegar ao ponto de, já completamente ensandecido, errar os nomes das equipes, do estádio, da cidade em que o jogo acontece, do torneio em disputa e dos repórteres da emissora. É o que acontece com Luiz Alfredo, da Rede TV!, que numa final da Copa da Uefa, certa vez, chamava o Sevilha ora de La Coruña, ora de Mallorca, ora de Valencia, mas nunca de Sevilha. Sílvio Luís jamais preocupou-se em saber o nome dos sujeitos em campo. Quando decora o nome de alguém, é porque o achou engraçadinho e para poder repeti-lo mesmo quando o sujeito não estiver com a bola, mesmo depois de ser substituído pelo técnico.

E foi exatamente isso o que aconteceu durante a partida entre Itália e Camarões, pelo torneio masculino de futebol dos Jogos Olímpicos. Silvio Luiz encantou-se com o defensor Bochetti (todos os jogadores italianos são defensores, independentemente da posição que finjam ocupar em campo). Bochetti é um nome que Silvio nunca permitiria passar despercebido pelo telespectador. Desde a entrada das equipes, ele estava de olho no italiano. E já insinuando umas piadinhas. Com a bola rolando, até tentou lançar outros temas, variar a conversa, mas o jogo, praticamente um pacto de não-agressão, convidava Sílvio a voltar suas atenções para Bochetti. Aí, para ajudar, Bochetti derrubou um camaronês na área da Itália: pênalti. O lance não deu em nada, que o camaronês, como bom camaronês, bateu com aquela seriedade própria do jogador africano, e o goleiro italiano, como bom goleiro italiano, pegou quase sem usar as mãos. Mas foi o suficiente para que Silvio, a partir dali, não fizesse outra coisa a não ser especular sobre a importância do Bochetti, quando Bochetti é bom, se Bochetti no time dos outros é gostoso, se o Brasil, num hipotético confronto com a Itália, deveria tomar cuidado com o Bochetti, e outros trocadilhos e achados lingüísticos de indescritível beleza. Nada mais apropriado para uma manhã de quarta-feira.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Perdido na tradução

O técnico da seleção olímpica da Argentina, Sergio Batista, em entrevista coletiva em Pequim, ficou assustado ao ouvir do tradutor que seu time enfrentaria a Sibéria na rodada desta quarta-feira. Ele falava sobre o jogo contra a Sérvia, vencido pelos argentinos por 2 a 0.

O que acontece é que o processo de tradução acontecia da seguinte maneira. O jornalista argentino fazia a pergunta. Batista respondia. O primeiro intérprete traduzia a pergunta do espanhol para o chinês. O segundo intérprete traduzia do chinês para inglês. Então o primeiro traduzia a resposta do espanhol para o chinês e o segundo traduzia do chinês para o inglês. Simples. A certa altura o intérprete pedia para o treinador repetir o que tinha dito pois já não se lembrava mais. Esse também já não recordava e pedia pro repórter repetir a pergunta.

Em meia-hora, Sergio Batista respondeu 6 perguntas.

******

Pra quem não assistiu à vitória do Brasil hoje sobre a China por 3 a 0, acompanhe abaixo os gols com narração "alternativa".


Comentário de Abimael Forquilla: "Desafio qualquer equipe de tradutores a verter, para o português que seja, as entrevistas do lateral e ajudante geral Daniel Alves, repleta de expressões como "cujo quem" e "quando onde", aparentemente de sua própria criação.

La pesadilla brasileña

Bem, todos os traumas da história da seleção sub-23+3 (ou young kids and three old men) se apresentam novamente no futuro do torneio de futebol desta Olimpíada: Argentina, times africanos. Combinemos tal fato com o relato do jogo de hoje feito por nosso amigo Corazza, o missionário. Resultado: u-hu!! vamos nos livrar do Dunga! Viva! E uma vez desempregado, este será contratado por Santos, Fluminense ou Atlético Mineiro. Dále Argentina!
Veja quais são os confrontos das quartas-de-final.

Comentário de Abimael Forquilla: "Foots, se o Dunga for contratado por Santos, Fluminense ou Atlético Mineiro, não vamos nos livrar dele. É aquela história: hoje é no meu time, amanhã pode ser no teu. Toca essa bola lá para o Oriente Médio, vai, pelo menos pra gente ganhar um pouco de tempo para pensar num jeito de trancar o Dunga em algum lugar de onde ele não possa sair! Talvez inscrevê-lo na equipe de boxe cubana, por exemplo..."

AO VIVO: Brasil x China

Bem, amigos do Comancheiro Futebol Chope, começa a transmissão de Brasil x China, futebol masculino. Que Mao nos ajude.

19h36 Entrada dos times: Diego tá com cara de diarréia. A conferir.

19h38 Toca o hino. Hernanes, no banco, parece em transe. Antidoping nele.

19h41 A torcida agita bastões vermelhos e verdes. Portugal não está em campo. Não entendi.

19h43 O time chinês demonstra certa dificuldade para fazer a formação da foto oficial. Manjam nada.

19h45 Apita o árbitro (que é a cara do Yul Brynner)

19h47 Brasil toca a bola na defesa... zzzzzz...

19h48 Lucas entrou em campo com uma faixinha preta no cabelo ao estilo "Messi oxigenado". Show de eventos.

19h49 China tem o primeiro chute a gol, que vai a mais ou menos uns 10 metros acima do travessão. Tirando tinta, diria o Galvão

19h51 China bota marcadores do Brasil na roda. Dizer o quê?

19h52 Lucas leva na cabeça, a faixinha não protege e tá lá um gaúcho estendido no chão. Bem feito.

19h53 Lucas (sempre ele) dá um cacete no pasteleiro que subia pro ataque. Lance pra expulsão e julgamento em Nuremberg. Yul Brynner só observa.

19h55 Diego faz bela finta, afasta rumores de diarréia e toca pro bandeirinha. O auxiliar não aproveita a jogada e só marca lateral pra China.

19h57 O jogo segue chatíssimo. Saudades da Rua Javari.

19h59 A An-Ri, do Jaspion, veste a camisa 12 da China.

20h00 Tião Macalé, auxiliar número 2, marca impedimento de Pato.

20h02 China no ataque, ninguém do Brasil na jogada, e o narrador da TV chinesa falou "Lonaldinhô" duas vezes. Antidoping nele.

20h03 Alexandre Pato quer igualar Michael Phelps e ser campeão mundial de impedimentos.

20h03 GOL - Diego arranca, dribla o goleiro, mostra a língua para a câmera e faz o primeiro do Brasil. Não, ele não está com diarréia.

20h05 Ronaldinho Gaúcho passeia em campo, como quem não quer nada. Nada mesmo.

20h08 Jogo chato, mudo de canal. Uma romena salta sobre o cavalo. Volto pro jogo.

20h09 Marcelo vai numa daquelas bolas "nunca vou alcançar, mas vou fazer uma presença pra torcida". Babaca.

20h10 Yul Brynner bronqueia com lateral chinês que demora na cobrança. Ponto para os carecas, ponto!

20h11 China chega perto do gol e narradores mandam um "Come on, come on!". O antiimperialismo não é mais o mesmo.

20h13 Momento "3 Patetas" no ataque brasileiro. Mas Tião Macalé já marcava impedimento.

20h14 Lucas dá mais uma paulada em um chinês. O moleque tá com a faca na bota, como dizem lá na terra dele. Viadagem.

20h15 Ilsinho tá em campo. Só pra constar. A grande jogada até agora foi uma trombada monstro em um pasteleiro.

20h18 Ainda no espírito Michael Phelps, Thiago Silva acaba de falar o maior número de "Porra!" da história olímpica. Ouro nele!

20h19 An-Ri protege a bola de Ramires e Macalé marca o lateral pra China. Eu quero é mais!

20h21 Diego leva carrinho ao estilo "Cocito Vive" no meio de campo.

20h23 Jogo chato não tem 13 letras, mas tudo bem

20h26 Maldita idéia de fazer esse post.

20h29 O cabelo do Breno é mau sinal. O Carlos Alberto começou assim, fazendo cabelo de predador e desfazendo depois. Agora tá tentando reerguer a carreira no Botafogo...

20h31 Yul Brynner apita, fim de primeiro tempo. Ufa.

20h53 Opa, começou o segundo tempo e ninguém me avisou.

20h54 Zhou H.B., nome de xampú chinês, faz falta no Diego. Bem feito.

20h56 Mudança de canal. Romena, aparentemente a mesma, agora faz ginástica sobre uma trave. Volto pro jogo.

20h59 Ronaldinho acorda, dá um bocejo e finge orientar o time. Patético.

21h00 São 21h. Você sabe o que seu filho está fazendo agora?

21h01 Breno tira uma bola das mãos de Renan ao melhor estilo Kung Fu. Eu gosto quando tem entrosamento.

21h02 Cabeçada da China leva perigo. Notem bem que o cabeceador tem mais ou menos um metro e trinta centímetros. A palavra é "vergonha"

21h03 Ainda tem meia hora de jogo. Haja saco, diria Confúcio

21h04 TV chinesa mostra Dunga. Já que não pode usar uma camisa esdrúxula, ele resolveu colocar a credencial como se fosse uma cartucheira de cangaceiro. Pangaré.

21h07 Seleção brasileira = "É o Tchan". Breno (Cumpádi Washington), Lucas (Carla Perez), Ramires (Jacaré), Ronaldinho Gaúcho (Mulata de plantão). Coisa linda, vai!

21h09 Diego bate o recorde de impedimentos de Alexandre Pato e tira uma catota do nariz. MEDALHA BARÃO DE COUBERTIN já tem dono em 2008.

21h11 Togo (É, Togo) tem uma medalha de bronze. E vocês ainda levam Olimpíadas a sério. Manés.

21h12 GOL - Thiago Neves, aquele que perdeu a Libertadores, marca de falta. Mas perdeu um pênalti na final da Libertadores. Ah, perdeu...

21h15 Alguém aí sabe onde foi parar o Célio Silva? Só curiosidade

21h16 GOL - Thiago Neves, aquele que perdeu a Libertadores, chuta de fora e o frangueiro aceita. Patético.

21h18 Dunga liga para a agência de empregos e diz "Pode cancelar aquele pedido, por enquanto". Te manjo.

21h19 Chinês mata bola no peito e quase morre. Chama o pneumologista

21h21 Ramires vira a casaca e começa a roubar bolas dos brasileiros para entregar aos chineses. Traíra é a palavra

21h22 Ronaldinho Gaúcho AINDA está em campo, torcida brasileira. Eu nem lembrava mais.

21h24 An-Ri faz cara de sofreguidão pra cobrar um lateral. É o fardo do homem amarelo

21h26 Tião Macalé marca impedimento correto de Rafael Sóbis, que faz biquinho. Chora na cama que é lugar quente, rapá

21h26 No Brasil, entram Mano Brown e um cara que ajudou a rebaixar o curintia. Dunga sabe o que faz.

21h27 Ronaldinho Gaúcho faz duas embaixadinhas dentro da área e perde a bola para um chinês. JOGO DE VERDADE NÃO É COMERCIAL DA NIKE, DONA CREUZA

21h28 Cinco pra acabar. Deus é pai

21h29 O Messi Oxigenado perde a bola e arma o contra-ataque da China. A que ponto chegamos...

21h31 ACABA, JUIZ!

21h32 Mano Brown sobe ao ataque e não faz nada. Peroba nele!

21h33 Lucas continua batendo em todo o time da China regularmente. Tá no bolso do imperialismo ocidental, certamente.

21h34 Estamos nos acréscimos de Yul Brynner

21h35 Rafael Sóbis leva falta e fica de quatro no gramado. Viadagem.

21h36 "No momento em que um CHINÊS!! passa a bola pelo meio das pernas do jogador brasileiro.. se morre cara..", diz indignada nossa correspondente em Shijingshan District

21h37 Apita Yul Brynner e termina o martírio. 3 a 0 pro Brasil em um jogo medíocre como o Dunga. Chega! Rumo à cerveja.

Comentário de Abimael Forquilla: "Vai te acostumando, Corazza, que, na volta para o Brasil, a chefia de reportagem vai te despachar para cobrir os jogos do Santos."

O circo Vostok apresenta: Olimpíadas 2008

Quando a gente ouve falar do "Circo da Fórmula 1", é normal entender como uma metáfora. Acho que ninguém pensa em ver a mulher barbada dirigindo uma Ferrari ou o anão Perobinha ultrapassando Rubinho Barrichello.

Já em Pequim, a mãe natureza mostra toda a sua criatividade ao vivo e a cores. O monstro que aparece aí na foto é Yao Ming, um sujeito que tem 2,26 de altura e anda como o Frankenstein. Aliás, quando o Hu Jintao mandou o Li Ygor buscar um cérebro para a criatura, pelo jeito, não explicou bem o que queria. Joga nada.

A série de aberrações da natureza que participam dos Jogos inclui o nadador Michael Phelps, o maior recordista mundial da história e maior medalhista olímpico da idem. Possivelmente, também, Phelps detém o título de atleta mais orelhudo que já participou de uma Olimpíada.

***
Pra não dizer que não falei do sensacional podcast...

A gravação me fez adiantar meu retorno ao Brasil para participar das próximas. Logo ao final das Olimpíadas, embarcarei em um trem rumo à Ossétia do Sul, primeira escala do meu retorno. O avião estava muito caro e descolei esse roteiro baratinho passando pelo Cáucaso e depois pelo Oriente Médio. Espero que esteja tudo em paz por aqueles lados.

***
"ATLÉTICO PR - Mário Sérgio chega para evitar a queda". A torcida do Paraná Clube, finalmente, tem algum motivo para sorrir.

Comentário de Abimael Forquilla: "Diante do Yao Ming, todo mundo é o anão Perobinha."

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Futebol de Mesa - Edição 1

Momento histórico do Comancheiro Futebol Chope. Está no ar a primeira edição do nosso podcast, o Futebol de Mesa. Toda terça-feira, perto da hora do almoço, você poderá ouvir aqui uma edição inédita desse bate-papo gravado em algum boteco da cidade de São Paulo.

Na edição de hoje, eu (Leonardo Botti), Gabriel Foots, Irineu Perpétuo e o mestre Abimael Forquilla falamos muito sobre Campeonato Brasileiro (séries A e B); ícones do nosso futebol como Cocada, Jardel e Silas; o português "vingador do amor"; conceitos filosóficos aplicados ao esporte segundo Gabriel Foots e as presepadas da cobertura jornalística nas Olimpíadas.



Clique aqui para assinar esse podcast.
Clique aqui para baixar o MP3.

Olimpíadas: Paranóia ou mistificação?

Mulé, traz mais uma Brahma que vai começar o badminton!


Abimael pede uma apresentação, Abimael ganha uma apresentação. Sou Felipe Corazza, jornalista, escrevo "ao vivo e em definitivo" da China e não ganho um tostão para isso - estou procurando me vender há muito tempo, mas ninguém aceita comprar sem nota.

Abimael cobra uma cobertura intensa da participação brasileira em Pequim. Certo, mas, sinceramente, dizer o quê? A única coisa minimamente jornalística a fazer por aqui é deixar escrita a manchete "(fulano) perde e disputará a repescagem". Aí é abrir a cerveja, esperar o dito-cujo ganhar ou não o bronze, preencher as lacunas do texto e mandar pro ar.

Nem o país anfitrião dá graça na coisa. A China vai ganhando uma cacetada de medalhas em esportes absolutamente desinteressantes para qualquer animal que caminhe sobre duas patas. Ou alguém aí acha vibrante uma competição de levantamento de peso? O amigo leitor, por acaso, já quase infartou vendo o salto ornamental sincronizado em trampolim de 3 metros? Soltou rojões durante uma partida de badminton? Então...

A cada edição dos Jogos, aumenta minha convicção de que a única importância das Olimpíadas é marcar o início de um período de dois anos até a próxima Copa do Mundo.

Comentário de Abimael Forquilla: "Felipe Corazza não ganha um tostão para escrever aqui e, até o momento, tem justificado o investimento... Claro, ninguém quer saber de badminton, Corazza. Mas será que não dá para alugar uma bicicleta, dar um rolê pela cidade e fotografar umas turistas em momento de descontração, pelo menos?"

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Imagens

1) George W. Bush se divertindo em Pequim. Sugestões sobre o que ele está pensando?

2) Carlos Tevez faz carinho no islandês Hermann Hreidarsson, do Portsmouth, na disputa da Taça da Comunidade no último sábado. O Manchester venceu nos penâltis e conquistou o primeiro título da temporada.

3) A foto abaixo tem gerado discussão. Muitos acham que a seleção de basquete espanhola está sendo preconceituosa nessa imagem publicada no jornal Marca. O que você acha?

Comentário de Abimael Forquilla: "O Bush está pensando: 'O Tevez é tão feio de costas quanto de frente, mas isto aqui... isto aqui é muito bom'!"

Não tire o olho da bola

Num final de semana com goleadas de Vitória e Grêmio os vídeos dessa segunda-feira não poderiam vir do Brasileirão. Mesmo porque os dois ganharam de Vasco e Atlético-MG.

1) Nem me lembrava onde o atacante França (ex-São Paulo) estava jogando. Nesse final de semana descobri que ele está no Japão, atuando pelo Kashiwa Reysol. Sábado ele marcou esse belo gol, aos 49 do segundo tempo, empatando o jogo para sua equipe em 2 a 2 com o Urawa Red Diamonds.



2) Esse vem da partida entre Heidenheim e Wolfsburg, na Alemanha, ontem. Não quero parecer machista, mas alguém precisa explicar para as mulheres que durante uma partida de futebol não se deve tirar o olho da bola.

"Chegue-ei! Estou no paraíso! Que abundância, merrmão!!"

Com as sábias palavras do filósofo contemporâneo Cumpádi Washington, aceito o convite feito pra participar desta suruba futebolístico-etílica. Eu vim para somar.

Como primeiro tópico, entro com "Renato Gaúcho é demitido do Fluminense". A manchete só não ganha da campeã, "Renato Gaúcho inicia carreira de técnico". A conferir quanto tempo leva para o Menino do Rio ir treinar o Botafogo, último refúgio dos técnicos meia-sola. Chuto umas 3 rodadas, já que o time de General Severiano conseguiu uma vitória na última partida.

Comentário de Abimael Forquilla: "Comancheiro Futebol Chope convidou Corazza, o jornalista Felipe Corazza, para ser o correspondente do blog em Pequim. Em seu texto de estréia, ele não se apresenta, não revela que escreve direto da China, não diz uma palavra sobre os Jogos Olímpicos e ainda dedica um parágrafo inteiro a Renato Gaúcho. É... Hoje eu vejo o quanto fui injusto com Luís Ceará quando disse que ele era o repórter mais inútil do Brasil..."

Quem te viu, quem te vê

A seleção brasileira feminina de futebol já não levanta a torcida como antigamente. Anos atrás, dava gosto de ver as minas jogarem! Uma mais feinha que a outra – o que até é bom, assim a gente se concentra mais no jogo –, mas tão boazinhas, tão simpáticas, que não tinha como não acompanhar e dar uma força. E elas jogavam, hein! Era 5 a 0 num dia, 7 a 1 no outro e de vez em quando um 9 a 0. Fora as jogadinhas de efeito, as enfeitadas, as firulinhas e os totozinhos de primeira que, para aqueles desprendidos que não ligam para o resultado, normalmente atleticanos e botafoguenses, às vezes são até mais importantes que a vitória.

É, mas os anos dourados do futebol feminino já ficaram para trás... As meninas amadureceram, tornaram-se favoritas a tudo quanto é título, tiveram de se adaptar à nova realidade e ficaram mais folgadas que o Renato Gaúcho. Como normalmente acontece nesses casos, a pose de campeão de véspera veio acompanhada de uma considerável diminuição no rendimento da equipe, cujos jogos na China andam tão empolgantes quanto as provas de adestramento de cavalo. No 2 a 1 contra a Coréia do Norte, Cristiane, para não deixar dúvida de que os tempos são outros, ao ser substituída por Pretinha, armou uma confusão digna dos melhores momentos de Carlos Alberto, quando muda o penteado e começa a forçar a barra para sair do clube. Teve de ser contida pelas colegas de banco, para não se atracar com o treinador, que pode até voltar de lá sem medalha, mas já provou que é o melhor do mundo em matéria de paciência com mulher feia.

Futebol é assim, gente: vira e mexe alguém faz tanto sucesso, que deixa o sucesso subir à cabeça. Por isso que a gente tem de enaltecer o Hugo, do São Paulo. Ele liga tão pouco para o sucesso, que nem precisou fazer sucesso em alguma coisa para começar a se comportar como se fizesse.

O Hugo era um que a gente achava que, nessa altura, já ia ser dono de posto de gasolina ou de negócio na área de confecção, o tipo de empreendimento em que ex-atleta se mete logo após deixar os gramados e pouco antes de começar a pedir dinheiro emprestado na praça. Afinal de contas, o que esperar de um jogador dispensado pelo Corinthians, clube em que dar carrinho, entrar em dividida, agir como maloqueiro ou simplesmente saber contar piada já é suficiente para virar ídolo da torcida? Se não serviu para o Corinthians e não agradou no Grêmio, só o posto de gasolina o salvaria de acabar na segunda divisão do Rio, aceitando moto sem documento e AK-47 como pagamento por salários atrasados.

Mas que nada! Hugo virou titular no São Paulo e, depois da derrota para o Fluminense, todo contentinho por ter feito mais um de seus surpreendentes golzinhos, pôs para fora o Renato Gaúcho que havia dentro de si: “Fico chateado pelo fato de termos perdido para uma equipe inferior”. Imagine o que Hugo não vai falar no dia em que o São Paulo conseguir levar menos de três gols do Fluminense, hein!

Contudo, em termos de transformação repentina, ninguém é páreo para Dentinho, do Corinthians. Semana retrasada, após um treino, todo encabulado, fez o que pôde para se livrar de Monique Evans, a repórter que aborda o entrevistado de modo sempre objetivo, com perguntas complexas, cuidadosamente preparadas, como: “Posso pegar na tua bunda?”, “Posso ver teu umbiguinho?”, “O que é esse volume aqui no teu calção?”. A falta de jeito do menino a cada pergunta deixava claro que ele ainda não era um atleta maduro, verdadeiramente pronto para encarar a dura rotina de um jogador profissional.

Pois eis que, semana passada, do nada, o moleque aparece, cheio de malícia, cheio de idéia, mais soltinho que o Vampeta, puxando papo com todo mundo, dando preferência às mulheres na hora do autógrafo e usando uma faixa preta para prender o cabelo, tipo Ronaldinho Gaúcho, embora nem tenha tanto cabelo para prender. Os jornalistas, apressados, atribuíram sua mudança de atitude aos elogios que lhe foram feitos pela imprensa espanhola, que se refere a ele como “nova jóia”, e principalmente ao boato de que o Real Madrid, a Inter de Milão, o Arsenal, o Lyon, o Zaragoza e até o Al Hilal brigam para contratá-lo. Faz sentido, é verdade. Mas aquele sorriso, aquela alegria toda, não pode ser só porque ele conheceu o sucesso e está louco para morar na Europa... Esse Dentinho finalmente conseguiu comer alguém, hein!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Comentários sobre a rodada

A penúltima rodada do primeiro turno não apresentou grandes surpresas, com exceção do confronto tricolor: apesar de improvável, seguiu o padrão do ano.
Quarta-feira, dia 6 de agosto:

Grêmio 1 x 0 Ipatinga: obviamente roubado, como de hábito (eu não esqueci do episódio de 95; era muito jovem para esquecer).

Atlético-PR 2 x 0 Náutico, Sport 2 x 0 Portuguesa: pega da parte de baixo da tabela; não configura notícia. Sem elementos picantes.

Santos 2 x 3 Altético-MG: uma pena; o time pequeno em que Pelé jogou, querido da garotada... é isso que acontece quando deixam dirigente (um mago, no caso) por muito tempo: rebaixamento. Com todo respeito que tenho pelo Peixe, minha torcida segue neste sentido. Fiz uma aposta. O alento: pode ser que o Santos tenha o artinheiro do campeonato.

Vasco 0 x 2 Coritiba: descendo a ladeira! Um amigo carioca já me disse: "Pô, mermão! Tu fica achando que o Peixe vai rebaixar? Né não. Se tem um grande que vai para a segunda, é o Vasco que vai". Deixo claro que não há conluio nem má fé, pois ele não é flamenguista.

Goiás 2 x 1 Flamengo: quem me conhece já ouviu, disse que não rola confiar no Caio Jr. Bom moço, aplicado, mas está longe de conseguir agüentar o tranco.

A cereja do bolo: pã-pã-pã-pãã!
Fluminense 3 x 1 São Paulo: há muita coisa para dizer, mas que não pode ser escrita. Jogo horrível. O primeiro tempo foi tão monótono que fui lavar roupa. No começo do segundo tempo, o gol do tricolor do Morumbi já me fez pensar que rolaria um chocolate... mas não. Washington deu o chocolate - sim, ele. Ruim de mira, o oportunista, aquele que já foi chamado de "O Iluminado". O último gol é digno de nota: uma lambança na área do São Paulo, todo mundo fazendo coisa feia. Na pelada aqui da redação sai coisa melhor. Porém, neste ano, a mistura de tricolores e Maracanã gerou lances deste tipo.

Recordar é viver:

Veja o último gol do jogo de ontem:

Quinta-feira, dia 7 de agosto:

Palmeiras 3 x 0 Vitória: grande vitória, com o perdão do trocadilho. Se a mídia não fosse infestada de são-paulinos e corintianos, Sandro Silva seria destaque. Que golaço ele fez! Me fez ter saudade de Edmundo: 14 de novembro do ano passado, Palestra Itália e a mangueira de São Pedro furada. Quanta água caiu... e Edmundo carregando a bola, tranqüilo, de poça em poça. Pouca relação, só uma memória de torcedor.

Cruzeiro 2 x 0 Internacional: que pena! Gosto do Internacional, por algumas razões, mas, principalmente, porque é o rival do Grêmio na cosmontologia zoroástrica gaúcha. Nilmar perdeu um pênalti. Le pauvre.

Figueirense 1 x 2 Botafogo: será que depois do Cuca os caras vão tomar um rumo? Falando no cara, será que o Santos vai se recuperar e tomar o mesmo rumo, caso o Botafogo tome um rumo? Não, a estrela solitária parece melhor hoje. Lembremos, no entanto, que domingo eles estão ferrados: Gladstone não jogará! Sem o espião, o agente duplo, fica difícil. Mas volta Gustavo...

Comentário de Abimael Forquilla: Se Gabriel Foots já não tivesse confessado ser palmeirense, bastaria esta sua frase para que o mundo o reconhecesse como um suíno da mais enlameada espécie: 'Eu não esqueci do episódio de 95'. O episódio a que Foots se refere sem prestar maiores satisfações ao leitor deve ser, se ele não está tentando nos confundir (palmeirense é cheio de milonga!), a memorável pancadaria - decisiva para a popularização do Vale Tudo no Brasil - entre Grêmio e Palmeiras, no Olímpico, na Libertadores de 95. Agora me diga: quem mais, se não um palmeirense, é capaz de recordar, não perdoar e ainda se magoar com fatos ocorridos treze anos atrás? De qualquer forma, mesmo que Foots não tivesse se referido ao jogo de 95, ainda assim saberíamos de seu gosto por chiqueiros, currais e pocilgas em geral. Quem mais, se não um palmeirense, falaria em 'cosmontologia zoroástrica', no meio de uma conversa sobre futebol? Palmeirense é assim: vive citando coisas de que ninguém nunca ouviu falar, mas que ele jura que existem. Como o mundial de clubes de 51, por exemplo.