quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar!

Quando o Vasco perdeu de cinco para o Santos, fazendo um pênalti atrás do outro, fiquei meio sem entender o que o time carioca queria dizer com aquilo. Depois, quando o Atlético Mineiro levou seis do Vasco, entendi menos ainda. Só agora, após a derrota do Santos para o Atlético, é que compreendi finalmente que diabos os três clubes estão tramando com essa brincadeira de “vamos todos cirandar”: eles têm o plano de irem juntos para a segunda divisão.

A estratégia de agir em bando, inspirada no método empregado com eficácia pelos quenianos nas corridas de São Silvestre, configura concorrência desleal. Fluminense, Náutico e Portuguesa, se não tomarem providências logo, vão acabar perdendo a vaga na Série B que tanto já fizeram por merecer. E não adianta tentar um acordo semelhante, pra fazer frente à aliança alvinegra: a Portuguesa é rebelde demais para participar disso. Ganha quando tem de perder, entrega quando é pra ganhar, enfim, a Portuguesa é o Batman – age por conta própria, aparece quando quer e some sem deixar pistas.

A ciranda-cirandinha dos alvinegros não poderia ser posta em prática, claro, sem uma providencial dança das cadeiras com os treinadores. Alexandre Gallo, não contendo o ímpeto de sua juventude, foi o primeiro a partir. Cuca, sempre perfeccionista, esperou o time atingir aquele ponto em que não há mais salvação, para – aí, sim – abandonar o barco. E Antônio Lopes, experiente, maduro, vivido, esperneou até o fim e teve de ser expulso à tapa de São Januário, para não melar o esquema.

Concluída essa parte, teve início, ontem mesmo, nos vestiários, a fase 2 do projeto. Adivinhe quem o Vasco quer contratar para o lugar do Lopes? Sim, exatamente: Cuca! O Santos, mais discreto, tenta disfarçar. O dirigente Luiz Antonio Ruas Capella (Marcelo Teixeira, num momento bem Kia Joorabchian, falou que ia só ali ver não sei o que e ainda não voltou) disse que o time “não tem um nome em mente”. E o Atlético, mineiro que só, finge estar satisfeito com o trabalho do interino. Sei... Me engana, que eu gosto! Não dou dois dias para o Gallo aparecer na Vila Belmiro e o Antônio Lopes na Cidade do Galo.

Se a CBF não fizer nada, se ninguém impedir, até o fim do campeonato muita coisa ainda é capaz de acontecer. Morais, que acaba de sair do Vasco, pode, por exemplo – ó, coincidência! – aparecer sem mais nem menos no time do Atlético. Marques, então, alegando o não cumprimento de misteriosas cláusulas contratuais, rescinde com o Galo e – ah, vá! – assina com o Peixe. Aí Fábio Costa tem um daqueles seus dias de fúria, esbofeteia colegas durante o treino, faz as malas e – quem diria, hein!? – vai para o Vasco.

A torcida vascaína, que continua segurando na garganta bravamente o grito de “Eurico, ladrão, volta pro Vascão!”, já percebeu que Roberto Dinamite está de braços dados com santistas e atleticanos. Ontem, não se contendo, xingou o antigo ídolo pela primeira vez na história. Chamou-o delicadamente de “banana”. Dinamite não reagiu. Com aquele sorriso travado de quem saiu de mau jeito de uma consulta ao dentista, andou de um lado para o outro, cheio de otimismo e energias positivas. Mas é ou não é um banana? É o Banana de Dinamite!

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