segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Os vídeos que todos gostariam de ver

Quanto mais a diretoria do Flamengo explica, menos dá para entender como vai ser afinal a tal parceria com o Google. O clube vai ter um site, dentro do YouTube, chamado Fla-Google. Tá. Um canal com vídeos exclusivos. Tá.

Que vídeos? Não de imagens de jogos do Flamengo, que todo mundo vê em tudo quanto é lugar. Nem de treinos, que o Flamengo nunca foi disso. Seriam vídeos produzidos pelo próprio Google, com o Diego Tardelli ganhando dividida, Obina pensando antes de se livrar da bola e Caio Júnior falando grosso na preleção? Também não, que o curta de ficção é um gênero em que a empresa não pretende investir no momento.

O que vai acontecer, então? O Flamengo vai pagar uns japas, desses que editam vídeo de casamento, para fazer umas montagens, tipo meter o som de Carmina Burana em cima de imagens do Nunes brigando? Não, com certeza, não. "O Flamengo vai pagar" é que nem o estádio do Corinthians: coisa que não existe.

Ricardo Heinrichsen, o vice-presidente de marketing do Flamengo (o Flamengo, a gente sabe, tem estrutura de empresa), diz que, no Fla-Google, os torcedores vão publicar seus próprios vídeos. Opa! Liberou geral, então? Não, não é assim que funciona. No time do Flamengo pode ter Jônatas, Toró, Vinícius Pacheco, mas no site não entra qualquer porcaria, não. Tem de ter conteúdo.

Heinrichsen está tão esperançoso de que vai aparecer algo mais que flagrante de tiroteio ou de pegação em baile funk, que até anunciou: "A intenção é fazer uma espécie de Oscar todo fim de ano, quem sabe premiando documentários de sessenta segundos, ou algo parecido". Ah, isso seria legal. Sobretudo se a estatueta, em vez daquela do Oscar, já batida e que não tem nada a ver com esporte, fosse uma miniatura do Oscar Mão Santa, do basquete, que jogou no Flamengo e, apesar disso, tem tudo a ver com esporte. Mas não vai ser, infelizmente: "Poderemos dar como prêmio, por exemplo, um dia como repórter no clube, entrevistando todos os jogadores", explicou Heinrichsen, com aquela cara de satisfação que fazem os gênios quando descobrem o que ninguém jamais poderia imaginar. Viu como faz diferença ter um vice-presidente de marketing?

Essa parceria é meio confusa, mas é muito legal! É vantajosa para todos: o Google não vai investir nada, o Flamengo não vai ter despesa e ninguém vai ganhar coisa nenhuma, o que evita futuras brigas na Justiça, que mal consegue arrumar tempo para julgar as expulsões do Kléber, do Palmeiras. E Heinrichsen, um sonhador, um homem de ideais, poderá continuar construindo o futuro: "O Flamengo deu mais um passo rumo à modernidade". Fortalecendo as relações sociais: "Será um espaço democrático onde todos poderão se expressar". Dando uma de cartola são-paulino: "Existe isso na Europa. Não igual, mas similar. Contudo, é inédito no país e também na América Latina". E, principalmente, engabelando Deus e o mundo: "Não vamos ganhar dinheiro agora, mas com certeza isso nos renderá lucro mais à frente".

Preocupado com a promissora parceria do rival, o Fluminense reagiu à altura: mandou Branco, que, como o universo, continua se expandindo, e que disputa pau a pau com Gilmar Fubá o título de ex-atleta mais gordo do Brasil, à Europa, para voltar de lá com coisa muito melhor do que vídeo no YouTube. Branco não decepcionou: voltou apalavrado com o presidente do Paris Saint-Germain e anunciou um acordo entre os dois clubes que promete dar de dez a zero no Fla-Google em matéria de "ninguém ganha nada com isso".

Relaxa, Branco: esse negócio de Fla-Google não vai pegar. O Flamengo tinha é que gravar as baladas que os seus jogadores freqüentam e jogar o material na mão do John Stagliano, para ser editado como merece. Aí, sim, o conceito de online adult entertainment nunca mais seria o mesmo e teríamos uma revolução de verdade na internet. Os vídeos da Fla-Buttman seriam baixados até em São Januário!

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