sábado, 2 de agosto de 2008

Eurico se foi, mas o show não pode parar

O Vasco é o único time do mundo que entra em crise depois de ganhar de 6 a 1. Quando Leandro Bonfim, Morais, Jean, Antônio Lopes, Roberto Dinamite e Edmundo trabalham juntos, esse negócio de vitória ou derrota é detalhe. O pau pode quebrar a qualquer momento, principalmente se não houver motivo. E esta semana quebrou gostoso, com direito a uma deliciosa seqüência de acusações, uma patifaria como não se via desde os tempos de Romário, Müller e Zagallo na Seleção.

Morais deu início aos trabalhos, ao desaparecer dos treinos e avisar que estava com medo de apanhar da torcida. Roberto Dinamite, que como cartola faz muito mais jus ao nome do que como jogador, mostrou profundo conhecimento de psicologia esportiva e de gerenciamento de crises: "Ele tem que respeitar o clube que paga o seu salário. Não adianta ter desequilíbrio e ficar desesperado". Tem que respeitar, tá certo. Não é porque o Vasco pagou no dia 31 o salário do dia 20, que o jogador vai se apavorar. Além do mais, quem é que nunca foi ameaçado de morte pela Força Jovem? Fora que o Morais já enfrentou coisa pior e agüentou. Já jogou até com o Abuda!

A conversa podia ter acabado aí. Mas o Antônio Lopes não é de deixar um assunto morrer assim tão fácil, sem participar dele. Lembrando os bons tempos de delegado, acostumado a lidar com delinqüentes, saiu em defesa de Morais com uma das mais interessantes teorias sociológicas surgidas nos últimos tempos: "Ele não vem de classe social mais baixa e, por isso, sente mais. Geralmente os garotos mais pobres conseguem passar por cima disso com mais facilidade". Ou seja, o Lopes vai defender o Morais diante da torcida e chama o cara de playboy chorão. E diz que é amigo, hein!

Com as coisas nesse ponto, Jean e Leandro Bonfim começaram a sentir dores. No tornozelo, na panturrilha, no joelho, na coxa, nas costas, em vários lugares simultaneamente, que é pra dificultar o diagnóstico. E faziam umas caras que não deixavam dúvida: ou estavam pra morrer, ou aquilo era uma das maiores veadagens já encenadas nos bastidores do futebol.

Bem, o Vasco entrou em campo sem Morais, sem Jean e sem Leandro Bonfim, o que sempre ajuda. Contra o Atlético Mineiro, que é o sonho de todo torcedor carente. Edmundo acabou com o jogo e o time deu de seis. E Edmundo, que não é de perder uma oportunidade, resolveu, após a partida, revelar que Leandro Bonfim e Jean simularam contusão para não jogar.

Leandro fingiu bem e respondeu com ironia: "Edmundo, além de jogar, é médico agora". Já Jean falou que jogador brasileiro não faz essas coisas, que é homem e tem vergonha na cara, que tem o laudo médico comprovando a contusão, que o Brasil inteiro conhece o seu caráter e que para o Edmundo ele não tira o chapéu, caso Raul Gil um dia venha a perguntar. Em resumo, praticamente confessou o crime.

Dinamite, como bom chefão, deu a última palavra, que os estudiosos ainda não conseguiram estabelecer se é a favor, se é contra ou se sei lá: "Quando for falar alguma coisa, precisa falar certo. Coisa de interesse da equipe fica entre nós".

Alheio a tudo isso, um repórter carioca, ligeiramente empolgado com a vitória vascaína, perguntou a Edmundo se o time vai brigar pelo título. "Temos que aproveitar os jogos em casa para fazer uma campanha digna" foi a resposta. Tudo bem que espancar o Juninho Paulista já é um pouco demais, mas que dá saudade do tempo em que o Edmundo maltratava repórteres que faziam perguntas idiotas, isso dá!

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